quinta-feira, dezembro 20, 2012

Reunião de condomínio

Ah, condomínios.
O meu condomínio é seguramente o pior condomínio que já existiu na história dos condomínios. Aqui estamos nós, uma zona super chique e de algum modo, conseguiram-se juntar todos os pés rapados num único lote.
Assim, uma pessoa entra nesta urbanização chique e repara logo qual é o lote onde moram os chungosos todos.
Como?

#1: A porta avariou. Se não se fechar com cuidado faz um estrondo que parece que o 21 de Dezembro chegou mais cedo. Sendo assim, a vizinha do rés do chão esquerdo escreveu um aviso e colou-o na porta: "Por favor fechar a porta com cuidado para não bater". No dia seguinte alguém colou outro aviso "E ligar para a empresa de condomínio, não?". A vizinha do rés do chão, furiosa, cola um terceiro papel "Se você pagasse condomínio ainda podia falar". Eu decidi simplesmente escrever um último aviso "Vizinho do 1º direito likes this".Temos portanto a porta colada com avisos insultuosos entre vizinhos, prova de que não só nos damos todos mal, como somos caloteiros.

#2: Cortaram-nos a luz. Verdade. Reparem, uma rua chique onde os condomínios até têm código de entrada e chega-se ao lote 10 e temos o pessoal a iluminar o caminho pelas escadas com a luz do telemóvel. Mais finório do que isto não há.
 

#3: No outro dia vieram uns gajos da cobrança falar com os meus vizinhos da frente. Como eles não atenderam, vieram falar comigo. Ao que parece não pagaram os móveis da cozinha e agora não atendem sequer a porta. "Sabe se eles estão em casa?" pergunta um gorila com ar ameaçador. "Não sei" respondo eu inocente. 20 minutos antes tinha-os visto na varanda a assar chouriços e a arrotarem ruidosamente.
 

Ah, como eu gosto do meu condomínio!

quinta-feira, dezembro 06, 2012

A blasfémia

Muita gente me acusa de não ter feito um post detalhado sobre o casamento do G. e da J. Apesar dos meus amorosos amigos me terem feito a surpresa de me darem (exclusivamente!) um gelado de meio litro da Ben & Jerrys e uma garrafa de litro e meio de Coca-Cola Zero como pedido num post anterior, corre um rumor de blasfémia de que eu me embebedei totalmente no casamento!
MENTIRAAAAAA! ( e para quem vê a casa dos segredos, um ligeiro fanico como o da Petra quando o Ruben a acusou de falta de humidade, perdão, humildade, e a gaja entrou em apoplexia, e eu ri-me até me mijar um pouco).
EU NÃO ESTAVA BÊBADO! Eu estava com uma felicidade imensurável pela felicidade dos meus amigos. Claro que bebi uns 17 gin tónicos mas sem a rodela de pepino aquilo não me bate nada. Se há alguém que estava bêbado, era o B., que me apalpou escandalosamente enquanto as luzes estavam escuras para se ver aquele vídeo dos melhores momentos dos noivos. E a S. que me empurrou para o chão, daí existirem umas fotos em que eu estou a gatinhar com um copo de cerveja na mão e um pedaço de sushi na outra.
Mais, gostava de saber quem é que se peidou fortemente no meu carro (que eu fui limpar no dia anterior, coisa inédita em 5 anos de existência). A J., no seu vestido lindíssimo branco pérola, merecia melhor do que ser levada para o quarto de lua-de-mel num carro que cheirava a esgoto podre.

terça-feira, novembro 20, 2012

O cigano que tocava numa banda filarmónica

Recebo no outro dia uma sms no meu telemóvel.
Rezava assim a dita cuja:
«Caros colegas, a reunião da Filarmónica de Fátima será no dia 12, por favor não faltem. Há assuntos urgentes a serem tratados».
Decido ignorar. Mas esta inocente sms brota em mim duras memórias.
Por acaso eu já fui membro de uma Filarmónica.
Ah, os gloriosos dias em que eu tocava flauta transversal na Banda Filarmónica do Troviscal. Lá ia eu, um pré adolescente obeso com a minha fatiota azul. Escusado será dizer que fui vítima de bullying do 5º ao 7º ano.
Aparentemente era tão bom a tocar a dita flauta, que dois meses depois me puseram a tocar trompete. O meu pai, orgulhoso, comprou uma trompete caríssima, e duas semanas depois eu decidi que queria era tocar órgão, e fazer versões super fixes dos Pólo Norte e Delfins. Sim, também era parolo. Imediatamente o meu pai comprou-me um órgão Yamaha, e comecei a ter lições. Dois anos mais tarde já sabia tocar os Parabéns e as Pombinhas da Catrina, mas that's about it.
Anos mais tarde, já com o meu palato musical super refinado, decidi que o que queria mesmo era tocar guitarra e deixar crescer o cabelo. Mais uma vez, o meu dedicado pai (cujo sonho de vida era ter um filho a vingar na música) comprou-me uma poderosa guitarra eléctrica com sintetizador e mandou-me um chapadão na cara por causa do cabelo. Toquei na guitarra uma única vez. E decidi que era demasiado difícil.
Há dois dias voltei a receber uma sms de um número que não conhecia.
Desta vez dizia:
«Primo ciganão, muitos parabéns. Os ciganos vão fazer-te uma grande festa!»
Temos portanto um cigano que toca numa banda filarmónica.
Medo, tenho medo.

segunda-feira, setembro 03, 2012

Caixinha de sugestões

Não sei o que deu aos meus amigos, mas num espaço de um mês fui a dois casamentos e falta-me ainda aquele do qual sou el padrino. No entanto muita coisa mudou desde que eu ia a casamentos.
Antigamente os casamentos eram uma coisa que durava dias. Começavam no Sábado e prolongavam-se por Domingo. Na maioria dos casos havia comida a semana toda. Era um deboche gastronómico. O Robene enfardava arroz de marisco, leitão, arroz de cabidela. Os bolos eram postos pelas mesas corridas e era um fartote, comigo a invadir mesas alheias para conseguir fatias de todos os bolos distribuídos.
Hoje em dia a coisa tem mais classe. A comida dos casamentos é fina. O que quer dizer que não posso dar azo ao meu lado javardo. Por isso fica a sugestão para o próximo casório de coisas a alterar a meu bel-prazer. Então vamos a ver:

1- Aparentemente já não existe Coca-Cola e 7up nos casórios. Só água e Sun Quick do rasco. E as garrafas não ficam na mesa. Deste modo, eu quero uma garrafa de Coca Cola Zero (que estou de dieta) no mínimo de dois litros a cada meia hora, três garrafas de Muralhas e quatro de adega de Borba.
2- Aquela coisa chique que é o corta-sabores, que se serve entre o peixe e a carne deve no meu caso ser um pacote inteiro (500ml) de Cookie and Dough da Ben and Jerry's.
3- O buffet de bolos deve consistir numa mesa reservada só para mim onde se inclui uma travessa gigante de natas do céu, bolos de bolacha sem café e pelo menos três pirâmides de profiteroles com creme branco.
4- O camarão deve vir descascado. Pelo amor de Deus, eu estou de fato com um papillon sexy. A última vez que descasquei um camarão num casamento, a cabeça do animal esguichou uma merda meia preta e vermelha para a minha camisa.

Apontaram tudo G. e J.?

terça-feira, agosto 14, 2012

Vilamoura, ou como eu vi meia pachacha de uma futura concorrente da Casa dos Segredos

Ir de férias tem destas coisas. Uma pessoa planeia, está ansiosa para ir e depois a minha irmã marca um hotel numa estância termal com uma média de idades a rondar os 70 anos, numa serra isolada do Alentejo onde a única coisa a fazer depois das dez da noite é bater punhetas a ver os exercícios de solo de ginástica dos Jogos Olimpicos (ou na falta de melhor, mulheres a lançar o peso, embora neste caso aquilo seja mais pornografia gay que qualquer coisa).
Reparem, não é que eu não quisesse descanso. Mas este sítio foi descrito por um homem de 76 anos, que conhecemos por acaso como « o sítio mais chato para o qual a minha mulher me arrastou desde que tive de estar internado 3 semanas com uma broncopneumonia».
Não seria de espantar portanto a minha ansiedade em ir passar uns dias a Vilamoura a casa da S. e do A.
Em Vilamoura há animação e até consigo ver mais que duas pessoas ao mesmo tempo no meu campo de visão. Mais do que isso, Vilamoura parece um Jersey Shore à portuguesa.
Abancamos na praia.
Do lado direito temos um grupo de 5 gajos, tatuados e com biceps que fazem 3 vezes a minha barriga das pernas. Têm uma geladeira que me parece mágica uma vez que em pouco mais de  duas horas conseguiram tirar umas 20 cervejas, duas vodkas, três quilos de camarão cozido, duas sacas de caracóis e eu juro que os vi a comer chamuças. No intervalo de comer e beber fumavam umas charradas cujo fumo me vinha todo para o focinho. Do lado esquerdo temos um grupo inteiramente feminino. Elas têm biquinis micro, piercings no umbigo, estão hiper maquilhadas e têm todas o famoso tramp stamp, ou seja uma tatuagem no fundo das costas, sendo que esta tatuagem variava entre uma esbelta borboleta a frases profundas como YOLO.
Como estava uma ventania digna de uma nortada na praia da Barra, um chapéu voa no areal e aterra nas costas de uma das stripp...das gajas tatuadas. A jovem não parece muito afectada, sinal de que está habituada a ser atacada por trás com objectos cilíndricos.
No entanto, passados alguns minutos começa a queixar-se de dores na perna. Imediatamente eu e o A. colocamos os óculos escuros, preparados para o espectáculo que se segue. A jovem queixa-se às amigas que a chamam carinhosamente de cabra e desfiam um rol de insultos aos donos do chapéu assassino. Para confirmar as escoriações do ataque do chapéu, eis que esta jovem, qual ginasta olímpica  medalhada decide então levantar bem alto uma das pernas, revelando que:
a) o biquini que usa é pelo menos três números abaixo do seu tamanho real.
b) depilação completa parece estar na moda.
c) a borda de pachacha assim revelada não está bronzeada, pelo que esta jovem é sem dúvida uma puritana e orgulho de seus pais.

Neste momento, metade da praia está calada e com óculos escuros na cara, até porque a amiga que foi inspeccionar a pachacha dorida da jovem atacada tem um mamilo de fora do micro biquini, completando assim a imagem que ainda ontem à noite me fez muito feliz antes de ir dormir.

Planeio para o ano voltar a Vilamoura, desta vez um mês inteiro.

terça-feira, julho 17, 2012

Ok yorke.

Algures em 2002:
Amigo: Robene, hoje começam a vender-se os bilhetes para Radiohead. Vais comprar?
Robene: De certeza que não esgotam, vou esperar.
(10 minutos depois)
Amigo: Os bilhetes já esgotaram.

.
15 Julho 2012, no Optimus Alive:
 Os Radiohead são, a par dos Garbage, a banda que marcou a minha adolescência. Vivi os últimos dez anos ansioso por um regresso. Comprei o Bilhete em Dezembro e obriguei-me a ouvir a bela merda que é o King of Limbs. Ontem aguentei uns Kooks que a meu ver servem bem para encher chouriços, uns Caribou que me fizeram querer ter metido cogumelos, umas bimbas de 15 anos a fumar umas charradas gigantes à minha frente e uma vontade incontrolável de me mijar todo durante 4 horas.
Valeu tudo a pena, só para ouvir a Exit Music.

quarta-feira, junho 27, 2012

Funerais a 40ºC

Foi ontem o funeral da minha avó paterna.
Não, não houve muita choradeira, afinal de contas a velhota tinha 94 anos e caiu para o lado. A minha mãe foi mesmo com um sorriso muito mal escondido para o funeral da sogra. No carro tive de lhe gritar para deixar de se rir e colocar um semblante pesado.
Toda a gente fez questão de referir que a velha «ao menos não deu trabalho», pelo que concluo que hoje em dia é bom que os velhos  morram de forma prática tipo atropelados por um camião ou com um ataque cardíaco fulminante.
Reparem que o funeral teve lugar no dia mais quente dos últimos 90 anos numa capela sem vestígio de ar condicionado. Eu bem tentava só dar apertos de mão, mas as velhas gulosas puxavam-me com força pelo que tive de dar uns 600 beijos em caras suadas e molhadas. E ainda houve uma mulher que em vez de me dar os pêsames desejou-me os parabéns. Suponho que não gostasse muito da minha avó.
Por mais que eu quisesse ser parecido com o lado da minha mãe (louros e olhos azuis), sou basicamente uma cópia exacta de todos os meus primos do lado do meu pai ( e são seguramente uns 150 primos): super moreno, grandes olheiras e cabelo preto. Eu juro que se algum turista americano entrasse naquele momento na capela fugiria a sete pés pensando ter entrado em alguma célula secreta da Al Qaeda portuguesa. Aliás, os primos que não se parecem com árabes, são uma mistura de cigano com sotaque da serra.
O facto de ter tantos primos que vejo tão raramente levou-me a basicamente tratar os Joãos por Paulos, os Paulos por Pedros e os Pedros por Luíses. Como em todas as famílias, temos as ovelhas negras, pelo que fiquei a saber através da prima E. que o primo D. é drogado, a prima V. virou puta e anda com um homem casado e o tio G. continua a beber e a arrear na mulher.
No final despeço-me rapidamente de toda a gente com votos de um breve reencontro.
Que quase de certeza será noutro funeral.

quarta-feira, junho 13, 2012

Malato volta que estás perdoado

Há por aí um programa de televisão chamado Alta Definição que tem umas entrevistas pelo Daniel Oliveira que parece que é muito profundo. Aparentemente o Daniel entra na mente das pessoas e obriga-as a dizer coisas super íntimas que fazem o mais valente dos convidados chorar baba e ranho na televisão nacional. Tudo isto enquanto soa uma musiquinha de Adele em pano de fundo e temos uns efeitos de edição retro.
As vidas das pessoas famosas aparentemente são muito mais complicadas que as nossas, pessoas normais. Uma cicatriz na sobrancelha do Jorge Palma feita por um gato é coisa para uns dez minutos de catarse emocional. Aparentemente a Mariza coloca o filho acima do trabalho, o que que ela está a pensar? Tenho pena destes famosos, vidas tão complicadas.
Tudo isto salpicado com o olhar de carneiro mal morto do Daniel, que ele próprio é filho de pais drogados e parece que até já escreveu um livro sobre isso.
Há forma de filmar o Daniel Oliveira a entrevistar-se a ele próprio?

sexta-feira, maio 25, 2012

The Godfather

O G. e a J., ilustres amigos aqui do Robene, convidam-me para jantar no outro dia. Nunca digo que não a uma refeição grátis, especialmente se for a J. a cozinhar. Chego a fazer dois dias de jejum só para apreciar aqueles pratos da J. nas minhas papilas gustativas virgens.
No final de um faustoso jantar de costeletas com molho de nuivelle-cuisine apaneleirado, mas absolutamente delicioso, o G. dá-me um cartão.
Na parte da frente tem uma imagem de Jesus Cristo a saltar de pára-quedas com uma pessoa. E diz: «Beatos como somos já temos páraquedas para o Grande Salto.»
E eu penso que mais uma vez, o G. e a J. me vão tentar evangelizar e que de certeza o molho estava cheio de xanax e rohypnol e que possivelmente era hoje que ia ter de aceitar Jesus Cristo no meu coração à bruta (eu bem sei que o G. foi campeão de judo quando ainda tinha cabelo.)
Mas virei o cartão...E dizia: «Agora falta-nos os sobresselente. Aceitas ser nosso padrinho?»

Não sou um gajo de emoções fáceis. A última vez que me emocionei à séria foi quando esfreguei o rabo do cão na almofada do meu ex-cunhado depois de ele se ter divorciado da minha irmã.
Mas confesso que quase me saltou uma lágrima marota do canto do olho.
Estou já a organizar aquilo é mais importante num casamento: a despedida de solteiro. Para os interessados em mandar umas dicas há um grupo no facebook, o Debroche, e aviso já que o G. sempre gostou de asiáticas em trajes colegiais (coisa que não está a ser muito fácil de encontrar em Coimbra, por isso aceitam-se sugestões).

Apanhado

Muita coisa aconteceu desde que eu aqui mandei as minhas últimas postas de pescada. A saber:

-A Rita Pereira não mostrou nem mamas nem pachacha na Playboy. No entanto, para dar um vislumbre nas tetas da ilustre bisgarolha basta ir ao youtube e pesquisar por mamas da Rita Pereira nos emmys. Não percebo de que tanto se quixa este pessoal.

- Consegui comprar uma melancia nas promoções do 1 de Maio do Pingo Doce, mas não a cheguei a levar para casa. Tive de usá-la como arma de arremesso contra umas velhas que me estavam a comprar o café todo da Dolce Gusto.

-Assisti a um interessante congresso onde conheci um polaco velhadas que escreveu um livro sobre o facto das doenças mentais serem contagiosas. Aparentemente tem um livro editado, e orgulhoso mostra-me a contracapa, com uma fotografia do próprio a fumar aquilo que me parece um grande charro. Estou a ver de onde lhe surge a ideia do contágio das doenças mentais...

 - O Blogger mudou de layout. Não percebo um caralho desta merda.


domingo, abril 15, 2012

Workout

Coisas que eu não gosto no ginásio:

#1: Jargão de personal trainer. Quando me dizem coisas como «Faz este press de ombros e depois um supino ali no bench, seguido de uma prancha no bodum» sinto-me como se o gajo estivesse a dizer« sapopono sapopeia maxi maxi bom». Vai dar ao mesmo.

#2: Tomar banho. Não é o tomar banho em si. É mais o schlop schlop que indica sempre às pessoas do balneário que eu não estou a lavar o peito ou o cabelo. Estou a lavar o cú.

#3: Velhas enxutas. As aulas de body pump não são para todos. Especialmente para mim, que tenho de parar 5 minutos depois daquilo começar para não me dar um colapso cardíaco, enquanto a velha do lado me lança um olhar de desdém.

#4: Espelhos. No outro dia estou a levantar uns pesos para a costas, totalmente de perna escachada, com súor a manchar-me o rego do cú e com o cabelo semelhante a um ninho de ratos. Não preciso de espelhos para saber que estou bastante rídiculo.

segunda-feira, abril 09, 2012

Etiqueta

Margarida Rebelo Pinto, essa Florbela Espanca moderna, escreve numa crónica recente ao Jornal Sol que: «os homens que receberam educação das mães, não vão estar à espera de dividir contas no restaurante. Eles têm o dever de pagar a conta inteira.»
Vamos portanto esquecer anos de feminismo e queima dos soutiens, e esperar que a MRP também saiba fazer aquilo que de certeza lhe foi ensinado pela mãe, e que no final do jantar se esmere em abrir as pernas. Como qualquer mulher educada.

domingo, abril 01, 2012

Moda circa 2012

Quando eu tinha 15 anos usava o cabelo espetado em delineados picos com gel garnier ultra style. O cabelo tinha o aspecto de palha ressequida, mas eu achava que aquilo era ultra-cool e que me iria fazer ganhar pontos junto do gaijedo. Queria igualmente meter um brinco, porque achava que era super rebelde, e usar calças rasgadas para me dar um ar grunge. Infelizmente os meus pais achavam que eu devia estar a alucinar e uma pronta lambiostina do meu pai devolveu-me a noção de realidade que me fazia falta.
Quinze anos depois parece que afinal eu é que tinha razão.
Ontem dediquei-me a ir a esse espaço nocturno que é o NB coimbra, discoteca conhecida por se assemelhar a um bunker, mas com as paredes acolchoadas.
A moda de hoje em dia não é muito diferente daquilo a que eu aspirava na minha juventude: eles têm os cabelos ensopados em gel, com penteados a lembrarem o filme Quinto Elemento. Elas estão tão vestidas quanto a Milla Jovovich no referido filme. Eles usam agora decotes que chegam ao umbigo, em t-shirts tão justas que suponho tenham sido compradas na secção infantil da Zara. Elas têm metade das mamas de fora, e unhas de gel capazes de cavar sepulturas em questão de minutos. Eles usam calças rasgadas e brincos brilhantes. Elas...bem...elas usam saias que deixam antever a roupa interior, que está a fazer pandam com a cor de soutien. As que levam soutien. Tudo isto ao som da música do genérico das Marés Vivas.

Alguém me conta uma história em como estava num bar qualquer e viu uma gaja em ultra mini saia, a ser masturbada na pista de dança por um gajo qualquer que parecia saído do Jersey Shore.
Somehow I'm not impressed.

segunda-feira, março 26, 2012

Votem no Robene

Parece que anda aí um concurso para se eleger o BILF (Blogger i'd love to fuck). Não sou eu que o digo, que não sou gajo de fazer auto-propaganda, mas uma mui benemérita leitora do blogue alertou-me para o caso. Sugeria que fossem lá eleger-me a blogger mais sexy do ano, prémio que obviamente falta no meu palmarés. Se tiverem dúvidas podem ligar para o clube nocturno Afrodite ou para a pensão As Camélias para obterem referências mais que abonatórias sobre o meu instrumento. De escrita.

http://quadripolaridades2.blogspot.pt/2012/03/bilf-212-let-game-begin.html

sexta-feira, março 23, 2012

Doppelganger

Aparentemente cada um de nós tem uma sósia no mundo. Eu parece que tenho várias.
Já fui confundido com um Nuno de Filosofia, um João Paulo que trabalhava numa loja de roupa e até com um primo de alguém que me interpelou na secção de iogurtes do Continente.
Mas ultimamente o caso tem tomado proporções épicas...

Caso #1:
Robene a comprar tabaco nas bombas: Um maço de Camel ó fachabor.
Empregado: É para já Pedro!
Robene: Hum...Eu não...bem...quero lá saber.

Caso #2
Robene no café: Um café ó fachabor.
Empregado: 'Tás bom Pedro?
Robene: Mas eu não...quem é o Pedro?
Empregado: Mas...ah ah...sempre a brincar Pedro! (e baza)

Existe portanto um Pedro à solta em Coimbra que é igual a mim. Aparentemente fuma a mesma marca de tabaco que eu e toma café no mesmo sítio. E é um brincalhão. Deve ser um naco de homem obviamente. O mistério adensa-se até que...

Caso #3
Robene no gabinete em árduas pesquisas...
Entra o amigo D., a arfar...
D. (coração aos saltos, voz a tremer): Robene, fui tomar café à associação e o gajo que anda a servir finos é IGUAL a ti!!!
Robene: Hum?
D.: Juro! Chama-se Pedro!

Obviamente que largámos a importantíssima pesquisa e voámos para a associação. Eu de óculos escuros e gola do pólo para cima não fosse eu descobrir o meu gémeo perdido do qual os meus pais abdicaram quando perceberam que eu era o gémeo dominante e que não precisavam de outro igual a mim para nada.
E por fim apareceu o jovem Pedro: baixote, com pouco cabelo, um bocado pançudo e ar meio alucinado.
Primeiro penso que devo estar confundido, mas depois olho para o D. que me abre os olhos como que a dizer: Vês? É a tua cara chapada!

Saí da associação com vontade de chorar.

quarta-feira, março 21, 2012

Tudo para o face

Para quem não sabe há uma página de fãs do xarope-pa-tosse no facebook. Não sei quem é a pessoa responsável por esta maravilha cibernética, mas na minha cabeça é um cruzamento da Megan Fox com um engenheiro informático, sendo que as características da Megan Fox se sobrepõem a tudo o resto. Seja como for deviam lá dar um salto, fazer vários likes e dar um obrigado por esta extensão maravilhosa do Xarope!

quinta-feira, março 15, 2012

Velocidade furiosa

O G. e a J., em honra ao seu recente noivado foram saltar de pára-quedas. Poderiam ter optado por um jantar romântico ou uma viagem especial mas decidiram que a melhor forma de festejar o compromisso para a vida era tentar morrer de forma dolorosa e com várias hemorragias internas.
Claro que o Robene foi ver o salto, sedento de gritos e quem sabe, uma perna partida ou ossos expostos. Eu próprio saltaria de avião. Se tivesse um cancro terminal, com dois dias de vida.
Chegamos ao sítio do salto, o G. com um grande sorriso, a J. á procura do minimercado mais perto para comprar fraldas. Eu obrigo o G. a assinar um papel em como fico com o sistema home-cinema dele caso alguma coisa corra mal.
Antes de saltarem, estão já uns quantos mafarrecos a saltar. A determinada altura vemos um pára-quedas a cair vertiginosamente, todo enrolado. O páraquedista parece ter perdido o controlo. Eu rio-me e bato palmas, à medida que a multidão acorre em massa soltando urros de preocupação. Afinal de contas o que estava a cair era o pára-quedas de segurança. Bastante desiludido volto a concentrar a minha atenção no G. e na J. que estão a receber as instruções para o salto, que basicamente consistem em enrolar as pernas no gajo que salta com eles e simular uma cena de sexo anal. «Mete as pernas por dentro das minhas, e coloca os braços ao lado da cabeça. Depois relaxa». Hum...eu próprio já disse esta frase várias vezes, noutros contextos.
Quanto ao salto em si não há muito a dizer: fiquei com um torcicolo de tanto olhar para cima e a determinada altura quando percebi que nada de excitante ia acontecer fui tomar café e fumar cigarros.
Quando tocaram no solo, o G. e a J. foram-se abraçar e beijar, numa cena melodramática que me fez questionar porque raio tinha acordado às 7 da manhã para vir ver duas pessoas a saltar de pára-quedas. Ainda pensei que pudessem estar tontos do salto, e que houvesse uma queda chocante com os dentes no chão, mas nada...

Sugeri já um fim de semana de Arboring. Vou levar umas facas e sabotar algumas cordas.

segunda-feira, março 05, 2012

Filas

Adoro o povo português. Somos complacentes para com os nossos políticos corruptos, discretos na altura de cortes de subsídios de férias e não nos importamos que nos tirem um ou outro feriado.
O que somos é incapazes de formar uma fila indiana.
E é aí que o lado animalesco dos tugas se revela na sua plenitude.
Vou no outro a um convívio académico. Coisa que na minha idade (29, já agora leitores desnaturados, nem uns parabéns) é um sério risco à saúde da minha bacia. Quando chego à porta, eu e outro dois ilustres doutorandos de 20 e muitos, deparamo-nos com um magote de gente às cotoveladas. Com uma atitude claramente distinta do resto da plebe, colocamo-nos de lado, por certo à espera de que a multidão de barba mal semeada reparasse no ar distinto de três jovens já quase a chegar aos trinta. Mas nada. Claramente precisávamos de nos imiscuir na multidão semi-bebâda.
Eu mando duas paralíticas ao gajo da frente, que se queda perante tal violência. Uma gaja ainda me berra aos ouvidos: «porco do caralho, eu estou aqui há duas horas», mas eu enfio-lhe uma cabeçada na testa e continuo a minha caminhada gloriosa pelo meio da multidão. Infelizmente a meio deparo-me com dois amigos que creio concorrentes da próxima Casa dos Segredos, e perante a evidência anabólica da coisa, prefiro ficar quietinho. Tratei há pouco tempo dos dentes, não quero correr o risco que me saia o chumbo dos molares à estalada. Mais pessoas continuam a chegar e metem-se pelos meios, chamam amigos, creio até ter visto alguém em crowd surfing para se chegar mais à frente.
A multidão mexe-se, contorce-se, mas ninguém entra. Atrás de mim, o Capitão Óbvio grita: Ninguém está a entrar!!
E como se isto fosse um grito de guerra, as pessoas ficam loucas: há miúdas de 18 anos a puxar do lip gloss e a usarem-no como faca, jovens de gorro a usarem o iPod como arma de arremesso, e eu sem dar por ela, levo com uma cerveja nos cornos.

Claramente a fúria dos jovens desempregados e sem dinheiro não está nas ruas. Está nas filas paras os convívios de medicina.

terça-feira, fevereiro 28, 2012

Óscares 2012

Não consigo perceber como é que a organização dos Óscares quer cativar público mais jovem... Ontem foi a cerimónia mais fastidiosa a que assisti a toda a minha vida. O Billy Crystal meteu botox em todos os pontos da cara, o Tom Cruise idem idem aspas aspas, e só me ri quando um dos gajos do Circo du Soleil (ou cirque du soleil, eu sei lá!) caiu de cú em cima de outro. E acho injusto a perna da Angelina Jolie não ter ganho o Óscar de melhor actriz. Mas pronto, segue-se a minha apreciação super fiel de todos os nomeados a melhor filme:

O artista: Adormeci a vinte minutos do fim. Eles cantam e dançam, mas como é mudo só conseguia ouvir-me a mim próprio a mastigar pipocas. Parece que havia um cão pelo meio, que merecia mais o Óscar que o Jean Dujardin, que já agora tinha dinheiro suficiente para alinhar a cremalheira.

Os descendentes: Adormeci 5 minutos depois do genérico. Esperem aquilo tinha genérico? George Clooney, a mulher mete-lhe os cornos e fica em coma. Agora vamos fazer uma história de duas horas sobre o nada.

War Horse: Há um cavalo, há umas guerras, há mais cavalos. Poderia ser um porno, mas é só chato que fode.

Extremamente alto, incrivelmente perto:...e absolutamente chato se me permitem.

As serviçais: Há umas pretas oprimidas e alguém come uma tarte com merda. As mamas da Jessica Chastain valem pelo resto do filme.

A árvore da vida: A árvore da vida merece um post só para si. É o pior filme que vi na minha vida. Temos close ups das caras dos actores, há dinossauros no meio de uma história de família que se resume ao Brad Pitt a dar umas lambiostinas aos filhos. No final toda a gente aparece na praia, e há um campo de girassóis que é filmado durante meia hora. Parece estranho? É capaz, mas isto foi só o que apanhei nos intervalos de jogar angry birds no telemóvel.

Meia noite em Paris: Tem o Owen Wilson, o pior actor da história do cinema. Podia ser um bom filme. Mas tem o Owen Wilson.

Hugo: Não vi. Não quero ver. Não me parece que o veja.

Moneyball: É um filme sobre basebol. Perto disto, um filme sobre o cultivo de batatas na Jamaica parece-me mais interessante.

E o Drive, ficou-se por uma nomeação...

sexta-feira, fevereiro 17, 2012

Lana del Rey...morre.

Enquanto jovem investigador a minha vida não podia ser mais excitante. Sei que este é um mundo por explorar para o comum dos mortais. Que fazem os jovens investigadores? De que falam as mentes mais brilhantes deste país? Quantas horas passam estes mártires da sociedade enfiados nos seus gabinetes partilhados por pelo menos 12 pessoas? A vossa curiosidade vai ser satisfeita.

Um dia na vida de um jovem investigador:

13h00: Jovem investigador Robene acorda.
13h30: Robene sai da cama. Hora do café da manhã (ahaha) e cigarros.
14h00: Almoço nas cantinas sociais. Normalmente frango. Comentar com os outros jovens investigadores o quanto a Lana del Rey é a coisa mais chata que apareceu nos últimos tempos. Mas que parece ter uma boa boca para o broche. Mais café. E cigarros.
15h00: Finalmente chega-se ao gabinete. Primeira pausa para café e cigarros. Alguém refere que a Lana del Rey na verdade chama-se Elizabeth qualquer coisa. Hipster do caraças. Pausa de dez minutos na internet a procurar fotos no google com as palavras Lana de Rey + mamas + broche.
15h30: Um pouco de trabalho. Não consigo parar de pensar na boca da Lana del Rey.
16hoo: Nova pausa para café e cigarros.
16h30: A M. refere que está com taquicardia por causa de tanto café que bebeu.
17h00: Pausa para café e cigarros. Eu monto-me em cima de um monte de jornais do médico e alguém tira uma foto enquanto eu simulo sexo anal com a contracapa de uma edição de 1952. Alguém descobre um artigo sobre cirurgias plásticas em vaginas. Uma coisa leva à outra e acabamos no youtube a ver vídeos da Lana de Rey.
18h00:Hora do pânico. A V. chora que nunca vai conseguir acabar a tese. O Z.C. descobre que as digitalizações da semana passada desapareceram do cartão de memória. Toda a gente decide fazer mais uma pausa, desta vez só para cigarros. Eu tenho uma extra-sístole, mas não tenho a certeza se é do café ou de ter pensado demasiado na Lana del Rey.
18h30: Todos vamos embora. Mais um dia de trabalho duro se avizinha amanhã.

Algumas semanas depois:
Orientador: Robene, está super atrasado na tese! Eu tenho-o visto todos os dias no gabinete, o que se passa?

terça-feira, fevereiro 14, 2012

Back from the dead

Numa das minhas últimas idas ao club nocturno Afrodite, um club dedicado a...hum...jazz contemporâneo, a Marineuza, exímia tocadora de flauta transversal, perguntou-me na sua voz sexy brasileira: Robene, você não tem mais postado no seu blog não. Que passa? Já estou farta de ler Dostoievsky nas pausas de meus shows de table-jazzing. Quero ler algo novo seu sim?
Apesar de estar a pagar à hora à Marineuza e de imediatamente a ter mandado calar e continuar a tocar na flauta, efectivamente fiquei pensativo.
A verdade caros leitores é que tenho andado sem inspiração. Estou com um writer's block. A Marineuza explicou-me que quando fica bloqueada vai à farmácia comprar uma bisnaga de KY, mas eu suspeito que lubrificar o instrumento não me vá ajudar em nada.
Não tenho recebido bilhetinhos de vizinhas mamalhudas, não tenho recebido propostas sexuais duvidosas (as quais aceitaria num piscar de olhos), nem sequer tenho trabalhado o suficiente para vir mandar umas postas de pescada.
A Marineuza olha para mim de olhos tristes, marejados de lágrimas e com a flauta na mão.
Olho-a com doçura e sei que não posso desiludir as milhares de Marineuzas que por aí andam, a chorar o triste silêncio do seu mentor, Robene. Enquanto Marineuza tocar sua flauta, Robene escreverá suas crónicas.

Estou de volta caros leitores.