quarta-feira, agosto 25, 2010

Os significados ocultos dos cães

Decidi que quero um cão. Estou farto de ir a casa do M. com o único propósito de estar com a cadela dele, e ter que o gramar a queixar-se da vida.
Vai daí comecei a pesquisar raças na Internet, que eu quero um cão com muito Pedigree.
O problema é que moro num apartamento, e pelo amor de Deus, não quero um Pincher abichanado. Quero um cão que diga : «O meu dono é muito macho, e está constantemente no cio. Ao contrário de mim não foi castrado e esterilizado, está no auge sexual».
Ora que cão imediatamente diz isto, mal se lhe olha para o focinho? O Bulldog.
Parece no entanto que o Bulldog é uma flor de estufa: morre se estiver muito calor, e tem muitas displasias da anca. Ora para fracturas ósseas já me basta a minha avó, pelo o Bulldog está descartado.
Segue-se o Basset Hound. Estão a ver? Orelhas enormes, olhos chorosos e pedinchões. É um cão que diz: «O meu dono é um gajo sensível. Lê poesia à noite e aprecia ópera clássica. Apesar disso é bem capaz de vos dar uma trancada que vos deixa mancas durante uma semana.». Infelizmente parece que também o Basset Hound dá muito trabalho. É preciso limpar-lhe diariamente as orelhas e os olhos com compressas esterilizadas. E eu já tenho problemas que cheguem com a minha própria higiene pessoal.
Terceira opção: o Shar Pei. É o cão do anúncio da 5àsec, cheio de rugas. É um cão que diz: «O meu dono é um gajo com estilo. Olhem para o meu focinho: pareço uma panqueca com foles. Só um gajo altamente criativo pode ter um cão assim. E sexualmente sem limites»
Mais uma vez o Sharp Pei dá muito trabalho. Tenho de andar a limpar todos os dias as rugas do cão, senão ganha escaras. Parece mesmo que depois de lhe dar banho tenho de o deixar a secar ao sol. Ora para isso compro mas é um casaco da Gant que me fica mais ou menos pelo mesmo preço.

Vou mas é ao canil compara um rafeiro. Um Vira Lata que diga: « Estou-me a cagar para vocês.»

sábado, agosto 14, 2010

Facebook

Depois de ser cuspido e enxovalhado em praça pública por não ter Facebook, decidi finalmente aderir ao site mais falado do momento.
Criei um perfil, só com fotos em que apareço super bonzão (photoshop obviamente), e comecei a pesquisar o site.
Comclusão número 1: Todos os meus amigos têm vidas super interessantes. Parece que passam os dias em festas, a beber e a comer gajas. Aparentemente ninguém trabalha, porque independentemente da hora a que me ligo estão sempre online.
Conclusão número 2: Os meus amigos têm o dom da ubiquidade. Apesar de estarem em constante bebedeira e deboche, estão também sempre online.
Conclusão número 3: Não sei como postar absolutamente nada. E em menos de meia hora tinha fotos minhas, colocadas pelos meus amigos, com cerejas na boca a simular um minete e a beber finos com uma palhinha pelo nariz.
Conclusão número 4: O que raio é o Farmville? É um jogo? Porque é que eu tenho pelo menos meia centena de pessoas a dizerem que encontraram um cão perdido no mato e um perú com fome? É suposto eu fazer o quê? Aderir à PETA?
Conclusão número 5: Quem são estas pessoas que querem ser minhas amigas? «Ah e tal, era da tua turma no sétimo ano». Sim, até eras. Mas agora faltam-te dois dentes da frente e eu só quero gente bonita nos meus amigos.
Conclusão número 6: Estou viciado nesta merda.

Vendo rim

Vendo rim direito ou esquerdo. Mas só um deles.
O esquerdo é mais caro que o direito, em virtude deste último ter uma pequena pedra de 6 mm que pode causar pequenas cócegas ao futuro usuário.
Razão: Pagamento urgente de 3000 euros de arranjo de autocaravana.

segunda-feira, agosto 09, 2010

Setúbal, ou como a cidade mais feia do País, tem as pessoas mais simpáticas




Quando andava no 10º ano estávamos a ter uma estimulante conversa sobre sexo, quando o meu amigo L. se sai com a frase: «O que interessa é a cabeça, o resto é entulho». Ficámos a saber que o L. deve ter uma pila que se assemelha a um pequeno cogumelo do campo, mas mais do que isso ganhámos uma daquelas frases que se tornou uma espécie de lema. Durante muito tempo, cada vez que a ocasião se proporcionava lá vinha alguém que dizia: «O que interessa é a cabeça, o resto é entulho».


Ontem recebemos a nossa autocaravana. Orgulhosos, enchemos a caravana com umas 200 minis e muitos preservativos. Estávamos tão ansiosos que decidimos partir nessa mesma noite. Ás duas da manhã.

O nosso primeiro destino seria Tróia.

Ligámos o GPS e lá fomos a caminho, cantando alegremente Lady Gaga e olhando de soslaio (e com alguma gulodice) as casas de meninas da Nacional.

Eis-nos em Setúbal. Não sabemos porquê, mas o caralho do GPS mandou-nos mesmo para o centro de Setúbal. Para o meio de uma rua minúscula. Eu ainda pergunto ao L. «Achas que a autocaravana passa nesta rua?». E o L. responde «O que interessa é a cabeça, o resto é entulho». E ri-se. E eu rio-me. E o G. ri-se.

E nesse preciso momento enfiamos a autocaravana na varanda de uma casa.

Na verdade devíamos saber que esta viagem estava condenada desde o ínicio. Primeiro o D., que era suposto vir connosco, adoece 2 horas antes da partida. Na Nacional apanhamos dois papa-reformas que vão no máximo a 20 km/hora. A meio caminho, somos parados pela Polícia que nos informa que houve um derramamento de gasóleo e que a estrada está muito perigosa. Mas toldados pela visão de sevilhanas mamalhudas e sexo em autocaravana, ignorámos os sinais.

Mas voltando à minha empolgante narrativa: Eis-nos numa rua com muito mau aspecto, no meio de Setúbal, com a parte de cima da autocaravana totalmente enfiada numa varanda.

Em menos de meio minuto temos uma dezena de populares na rua. «Vamos levar uma sova», digo eu.

Não sei se foi a visão de três jovens garbosos, mas muito borrados de medo, se foi do rídiculo da situação, mas em menos de meia hora estava em cima da autocaravana, com a ajuda de dois ucranianos, a tentarmos tirar o gradeamento da varanda que estava enterrado na parte de cima da caravana. E passada outra meia hora, tínhamos as pessoas da rua a oferecerem-nos sacos de lixo para remendarmos o rombo e prosseguirmos viagem, porque «coitados dos rapazes, primeiro dia de férias e acontece-lhes isto!»

Mas decidimos voltar para Coimbra. Pela auto estrada desta vez. O vento dentro da caravana batia-nos na testa, a esferovite do contraplacado entrava-nos na garganta.

Parámos naquela que possivelmente era a estação de serviço mais cheia do País, com milhares de pessoas a apontarem e a gritarem: «Venham cá ver esta Caravana, eheheheh».

Dormimos duas horas. Os pés do L. viam-se pelo buraco.


E pronto. Foram as férias mais rápidas da minha vida.

sábado, agosto 07, 2010

Autocaravanismo

Vou de férias.
Estava indeciso entre o Mónaco e a praia de Cannes.
Infelizmente como os meus amigos são todos uns pés rapados, alugámos uma autocaravana.
Se chegarmos a Sevilha vai ser uma sorte.

quinta-feira, agosto 05, 2010

Deus vos salve as alminhas

Caros amiguinhos e amiguinhas que visitam o meu precioso estaminé:
Estou aos comandos deste blog há coisa de 4 anos. Tem sido uma viagem com os seus altos e baixos.
Começou pequenino, qual pénis flácido e encarquido que só era visitado por algumas amigas em períodos de fome...perdão...de tédio.
Ás tantas o pequeno pénis flácido e medroso ganhou coragem e tornou-se um mangalhão que toda a gente quer ver.
Infelizmente, eu posso controlar quem me vê o mangalhão ( a maioria das vezes, pelo menos), mas não controlo quem me vê o blog.
E pelo amor de Deus caiam na real.
Este blog é FICCIONADO! E é HUMOR! Se quisessem ouvir diários de vida iam para o estounamenopausa.blogspot.com ou fizumapermanenteàanos80.blogspot.com.
Já estou a ficar fartinho de ter todos os dias comentários de ódio só porque fiz uma piadinha racista. Já estou um bocado farto de ser chamado filho da puta, paneleiro, brochista ou o mais original: comedor de merda. O nome científico é Síndrome de Pica e eu estou para saber como é que descobriram que eu sofro disso.
Continuo sem perceber como é que ainda existe alguém que vem para aqui ler estas postas de pescada e leva isto a sério. Mas eu também me rio com a Anatomia de Grey e parece que aquilo é um drama.

Meus amores, se não gostam, não leiam.
Se gostam, posso-vos dar o meu NIB para fazerem generosas doações. As férias estão á porta e eu não sei como, já não tenho dinheiro.

terça-feira, agosto 03, 2010

Lufada

Há uns dias ligaram-me de uma empresa de estudos de mercado, a perguntar se estava interessado em participar num estudo qualquer de um laboratório qualquer. Gritei dois ou três palavrões, disse que não tinha tempo para essas merdas, que tenho uma vida ocupadíssima e como raio tinham arranjado o meu número de telemóvel. Só no final o senhor do outro lado da linha me informa que havia cartões prenda do Continente para os participantes. «Conte comigo», disse imediatamente.

Por isso hoje aí fui eu à tal reunião. Estas reuniões são a coisa mais parva a que já assisti na minha vida. Ali estava eu com mais 6 farmacêuticos seduzidos pelo cheiro de dinheiro fácil. A nossa tarefa consistia em dizer se gostavamos ou não de uma caixa para um novo descongestionante nasal.
«Gosta do azul da caixa, Robene?», pergunta-me a formadora.
«É um azul bonito», respondo eu.
«É um azul cor de mar», responde outro farmacêutico.
«É um azul que acalma», acrescenta outra farmacêutica.
«E a bola vermelha ao centro da caixa?», pergunta a formadora.
«Hum...gosto da bola», respondo eu.
«Parece-me que essa bola pode enganar as pessoas. Parece um rebuçado», responde um farmacêutico.
«É uma bola que se distancia do azul. Chama a atenção», responde outro.
«E que nomes sugerem?», pergunta a formadora.
«Nasarox. Ou Nasalfree.», respondo eu.
«Lufada», responde alguém. E toda a gente se ri.

Depois destes diálogos dignos de um filme do David Lynch, cada um de nós recebeu 80 euros em cheques Continente.
A minha pergunta é: Onde é que eu me inscrevo para fazer vida disto?

domingo, agosto 01, 2010

Muito siso

Tenho uma cárie no dente do siso do tamanho do meu mindinho. Durante algum tempo deu-me bastante jeito. Acumulava lá comida, que depois ia degustando ao longo da tarde. Bastava enfiar lá a língua e tinha sempre um pedaço de maçã do almoço, ou um bocado de bolacha do lanche.
Infelizmente parece que as cáries doem. E a minha começou a dar sinal.
Vai daí, decidi ir ao dentista.
Já não ia ao dentista há 15 anos, desde que andei num brasileiro que me pôs um aparelho que me fazia parecer o jovem Frankenstein.
Este dentista é Português. Quando olha para a minha boca refere qualquer coisa como crianças da Somália terem menos tártaro do que eu. É normal, elas comem uma vez por mês e devem mastigar grãos de café em vez de o beberem em chávenas Vista Alegre como eu.
Depois de me fazer uma limpeza, que incluiu pedaços de placa dentária a entrarem-me nos olhos diz que da próxima, o meu dentinho do siso vai fora.
Saio aterrorizado e vou ter com uns amigos em busca de conforto.
Má escolha, claro.
Parece que arrancar dentes equivale a decepar membros a sangue frio. Uma amiga ficou 15 dias com dores lancinantes, vómitos e visão dupla. Outra diz que não conseguiu comer nada sólido durante uma semana, e ainda hoje só mastiga de um lado. Outro diz que a anestesia não fez efeito e que sentiu o dentista a arrancar o dente, o que equivale, pensa ele, a parir gémeos pelo olho do cú.
Já quando quis fazer a cirurgia a laser à miopia, surgiram histórias de conforto de um amigo de amigos que ia ficando cego e durante 2 meses teve de ficar num quarto escuro, com óculos escuros, a rezar aos santinhos que lhe devolvessem a visão.

Hum...acho que vou aguentar mais uns meses o meu dente do siso.