quarta-feira, junho 27, 2012

Funerais a 40ºC

Foi ontem o funeral da minha avó paterna.
Não, não houve muita choradeira, afinal de contas a velhota tinha 94 anos e caiu para o lado. A minha mãe foi mesmo com um sorriso muito mal escondido para o funeral da sogra. No carro tive de lhe gritar para deixar de se rir e colocar um semblante pesado.
Toda a gente fez questão de referir que a velha «ao menos não deu trabalho», pelo que concluo que hoje em dia é bom que os velhos  morram de forma prática tipo atropelados por um camião ou com um ataque cardíaco fulminante.
Reparem que o funeral teve lugar no dia mais quente dos últimos 90 anos numa capela sem vestígio de ar condicionado. Eu bem tentava só dar apertos de mão, mas as velhas gulosas puxavam-me com força pelo que tive de dar uns 600 beijos em caras suadas e molhadas. E ainda houve uma mulher que em vez de me dar os pêsames desejou-me os parabéns. Suponho que não gostasse muito da minha avó.
Por mais que eu quisesse ser parecido com o lado da minha mãe (louros e olhos azuis), sou basicamente uma cópia exacta de todos os meus primos do lado do meu pai ( e são seguramente uns 150 primos): super moreno, grandes olheiras e cabelo preto. Eu juro que se algum turista americano entrasse naquele momento na capela fugiria a sete pés pensando ter entrado em alguma célula secreta da Al Qaeda portuguesa. Aliás, os primos que não se parecem com árabes, são uma mistura de cigano com sotaque da serra.
O facto de ter tantos primos que vejo tão raramente levou-me a basicamente tratar os Joãos por Paulos, os Paulos por Pedros e os Pedros por Luíses. Como em todas as famílias, temos as ovelhas negras, pelo que fiquei a saber através da prima E. que o primo D. é drogado, a prima V. virou puta e anda com um homem casado e o tio G. continua a beber e a arrear na mulher.
No final despeço-me rapidamente de toda a gente com votos de um breve reencontro.
Que quase de certeza será noutro funeral.

quarta-feira, junho 13, 2012

Malato volta que estás perdoado

Há por aí um programa de televisão chamado Alta Definição que tem umas entrevistas pelo Daniel Oliveira que parece que é muito profundo. Aparentemente o Daniel entra na mente das pessoas e obriga-as a dizer coisas super íntimas que fazem o mais valente dos convidados chorar baba e ranho na televisão nacional. Tudo isto enquanto soa uma musiquinha de Adele em pano de fundo e temos uns efeitos de edição retro.
As vidas das pessoas famosas aparentemente são muito mais complicadas que as nossas, pessoas normais. Uma cicatriz na sobrancelha do Jorge Palma feita por um gato é coisa para uns dez minutos de catarse emocional. Aparentemente a Mariza coloca o filho acima do trabalho, o que que ela está a pensar? Tenho pena destes famosos, vidas tão complicadas.
Tudo isto salpicado com o olhar de carneiro mal morto do Daniel, que ele próprio é filho de pais drogados e parece que até já escreveu um livro sobre isso.
Há forma de filmar o Daniel Oliveira a entrevistar-se a ele próprio?