sexta-feira, janeiro 25, 2013

A seita

Pela primeira vez na minha vida fui a uma aula de body balance - aquela coisa que aparentemente é uma mistura de yoga e tai-chi com laivos de paneleirice.
Primeiro pensamento do dia: «não sou o único homem a fazer esta merda». E respiro de alívio. Parece também que temos de estar descalços, o que foi muito excitante porque tive de tirar as sapatilhas depois de correr durante meia hora.
A aula começa com a instrutora a dizer «Relaxem, o vosso dia ficou lá atrás». Ali estou eu, às 9 e meia da noite, sem jantar, com uma escanzelada a querer fazer-me esquecer que ainda tenho de ir para casa enviar relatórios. Seguidamente a escanzelada dá instruções: «Inspirem....expirem...inspirem...expirem...inspirem...expirem...». Ali a meio da coisa, já não sei se inspire ou se expire, e tenho um ataque de tosse fodido, coisa muito pouco zen. Obviamente atenta aos meus problemas, a instrutora diz: «Tente respirar». Não estava a contar com isto. Tinha pensado em suster a minha respiração durante os 45 minutos que a aula dura.
Body balance consiste em fazer posições de contorcionismo do circo Chen enquanto se ouve uma suposta música relaxante que no meu caso incluiu uma mix de Lana del Rey e Sounds of the Pan Pipe. Ali a meio tivémos de, com a barriga para o chão, agarrar os tornozelos e contorcermo-nos um pouco. No meu caso, fiquei à espera que me enfiassem uma laranja na boca e me levassem para o forno mais próximo. E a rezar para não soltar nenhum peidinho que pudesse desconcentrar a miúda ao meu lado, que seguramente estava a entrar em nirvana, tal era o ar extasiado.
No final da aula, coisa que me pareceu durar umas três horas, o gajo ao meu lado irrompe a bater palmas. Toda a gente fica estática a olhar para ele. Aparentemente, não se batem palmas no fim do body balance. Não sabia que isto era uma seita.

quinta-feira, janeiro 17, 2013

Primark

Este ano devo dizer que as prendas de Natal foram uma coisa relativamente rápida e fácil de comprar. Isto porque abriu uma Primark em Coimbra.
Antes de entrar numa Primark tenho de tomar vários Xanax XR para não ter um ataque de pânico. Primeiro há que conseguir irromper pela multidão furiosa  a enfiar montras inteiras de rajada nuns sacos gigantes. Depois é preciso encontrar o tamanho certo das coisas no meio do rodilho de roupa que está a) no meio do chão ou b) no braço de alguma mãe de família da Lousã que decidiu levar 10 pares de calças iguais.
Os vestiários têm a indicação de que não se pode comer, beber ou fumar. Acho mal. Não gosto de prescindir do meu Kebab de frango e do meu cigarro Camel enquanto experimento uma camisa tamanho M que na verdade me parece ser um XL. Na Zara nunca tive problemas em me esgueirar com um Big Mac e comer tranquilamente no banco de apoio.
Por último, chega a parte das caixas registadoras...Ali estou eu na fila com umas quinhentas pessoas, e uma voz: Caixa 14, Caixa 3, Caixa 12345... Sinto-me numa festa Rebel Bingo, mas sem possibilidade de escrever o meu número de telefone na mama da gaja do lado.
Seja como for, a Primark é barata! Razão pela qual, comprei todas as prendas de Natal nesse honrado estabelecimento comercial. Gostei especialmente da prenda da minha irmã, uma camisa e um cachecol.
Chego alegre à consoada em família. Até que...
Irmã do Robene: Fui no outro dia ao Porto a uma loja nojenta! Não aguentei dois segundos...A roupa cheirava mal!
Robene: Qual loja?
Irmã do Robene: Qulquer coisa mark...Primark!

terça-feira, janeiro 01, 2013

Feliz 2013!

Continuando uma longa tradição da qual o Xarope muito se orgulha, o primeiro post de 2013 será sobre caganeiras. Mais concretamente, as minhas caganeiras.
Hoje, dia 1 de Janeiro de 2013, estou a conduzir alegremente de volta a Coimbra. A meio caminho entre Coimbra e Aveiro dá-me a borra. E reparem. Não foi a caganeira. Não foi a vontade de mandar um fax, ou sequer de aliviar o cagalhão. Foi a borra.  Uma borra daquelas que dá suores frios, que levantam os pelos do braço e nos fazem acreditar em Deus, ainda que seja só para que o Grande Homem nos ilumine o caminho para a casa de banho. A última vez que me senti assim foi quando fui comer um kebab ás 3 da manhã, em Agosto às roulottes de Santa Clara, e depois disso só me lembro de acordar no hospital e de estar a ser testado para o Ébola.
Seja como for, estou já demasiado longe de Aveiro e demasiado longe de Coimbra. A meio caminho dirão vocês. Mas a meio caminho era coisa que a borra não estava.
 Penso em fazer um desvio para me aliviar na mata do Bussaco, mas a única coisa que tenho para me limpar no carro é o livro de instruções da Toyota e o livrete. E tenho medo que as 450 páginas que compõem o manual do carro não sejam suficientes para limpar as minhas nalgas desesperadas.
Para me distrair penso no que terei comido na noite anterior, que me possa estar a provocar tamanha revolução intestinal. Terá sido o pacote de fritos que enfardei enquanto bebia dois gin tónicos (uma cena descrita pela S. como a coisa mais javarda a que já assistiu na sua vida)? Terá sido o bolo verde de chocolate e agrião do qual comi seguramente metade? Ou terá sido o mix de quiche-frango de churrasco-leitão e coca cola?
Nunca saberemos.
Seja como for, chego finalmente e casa e corro desesperado para a minha sanita. No final, completamente lívido mas aliviado, paro para apreciar o spray painting castanho da sanita. E foi este o pensamento que marcou o meu primeiro dia de 2013: Como raio consegue o meu cú ter ângulo para atirar salpicos de merda a 2 cm do tampo da sanita?

A todos um bom 2013.