terça-feira, novembro 29, 2011

Ménage

Saio de casa no outro dia e tenho um bilhetinho no pára-brisas do carro. Excitadíssimo vou ver de que se trata: " Olá. És muito atraente. Queres-me conhecer? Estaciona o carro amanhã no mesmo sítio onde o tens agora."
Tenho portanto uma admiradora secreta.
Desde já tenho a dizer que esta admiradora não é uma gaja muito tecnológica. Se me quisesse mesmo conhecer já tinha arranjado maneira de me roubar uma carta da conta da luz e tinha-me ido pesquisar no Facebook. Não é assim que hoje em dia se conhecem pessoas? Por outro lado, sabendo onde eu moro, uma vez que apercebo-me agora, estou a ser constantemente vigiado, já me tinha ido colocar umas fotos semi-nua na caixa de correio.
Adiante...
Quem será esta jovem que suspira por mim ansiosamente em casa? Será que me construiu um altar? Será que foi ela que me roubou as cuecas-slip que nunca mais encontrei na minha gaveta de roupa interior?
Saio no outro dia para o ginásio e a vizinha da frente está fumar um cigarro na janela. Ela olha para mim, eu olho para ela. Há ali um eye contact que dura uns minutos, ela ri-se bastante, eu lanço o meu olhar à lá matador, ensaiado após anos a ver novelas brasileiras. Digo uma boa noite, ela dá um risinho e diz: "Boa noite vizinho" numa voz meio rouca de quem fuma um maço de tabaco por dia. "Só pode ser esta gaja, eu bem sabia", penso eu.
Volto do ginásio. Agora quem está a fumar um cigarro na mesma varanda onde horas antes estava a mamalhuda da vizinha é um gajo. Eu juro que ele olha para mim, lambe os lábios e dá uma passa no cigarro. Bem alto diz: "Boa noite vizinho" seguido de um piscar de olho.

Ou muito me engano ou estou a ser aliciado para um ménage à trois.