Dizem que o trabalho molda o carácter. Devo confessar que estou de acordo. Desde que comecei a trabalhar que tenho de lidar com amontoados de velhadas com tuberculose. E claro, tenho que manter um ar «ó-pra-mim-tão-simpático-aposto-que-me-queria-para-genro». E eis então quando dou por mim a ter pequenas alterações de comportamento no dia-a-dia:
Antes: Via uma velha a querer atravessar a passadeira. Parava o carro. Quando a velha começava a andar, punha o carro em ponto morto e acelerava até a velha se borrar toda nas Tena Lady compradas 5 minutos antes. Depois da xoné atravessar a passadeira mais rápido que a Rosa Mota no anúncio do Santander (ou seja, 0,00000005 kilómetros por hora), lançava o meu riso cavernoso e gritava: «O mundo é dos jovens, ó animal empalhado».
Agora: Vejo uma velha a querer atravessar a passadeira. Saio do carro e dou-lhe a mão para a ajudar. Aproveito e conto-lhe as pulsações, enquanto lhe dou conselhos de como manter o colesterol baixo.
Antes: Ia a um restaurante. Pedia uma mesa ao pé de uma família com crianças de tenra idade. Sentava-me e acendia um cigarro. Mandava o fumo todo para cima dos fedelhos, até a família toda ter de sair do restaurante porque o puto mais novo estava a ficar roxo com um ataque de asma.
Agora: Vou a um restaurante. Se a pessoa sentada na mesa ao lado começa a fumar, peço-lhe delicadamente, mantendo sempre o eye contact, para apagar o cigarro, fazendo-lhe ver as vantagens de deixar de fumar.
Antes: Se numa loja qualquer havia um problema informático e eu tinha de ficar à espera, começava a bufar. Se demorasse muito tempo, começava a armar a puta, chamando incompetentes aos empregados e ameaçando com o livro de reclamações. Depois chantageava o empregado com um desconto pelo tempo de espera.
Agora: Se há um problema informático, rio-me e digo coisas como «As máquinas são mesmo assim, não se preocupe». E é muito mais fácil ter descontos.
Antes: Via um arrumador de carros. Tentava manobrar o carro de forma a atropelá-lo sem que o gajo tivesse tempo de guinchar. Quando ele começava a gritar «Chefe, ó chefe a roda do carro tá em cima de mim», sacava do pé de cabra e partia-lhe os dentes (por isso é que os drogados são regra regral desdentados).
Agora: Vejo um arrumador de carros. Vou ao pé dele dizer-lhe que os kits de seringas já chegaram e quando ele quiser pode passar pela farmácia. O gajo arranja-me alto lugar para estacionar, e diz para eu estar descansado que o meu carro nunca há-de ter problemas de estacionamento.
terça-feira, julho 17, 2007
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5 comentários:
Não é preciso ir muito longe para perceber que o trabalho realmente muda as pessoas... Relembra a nossa conversa no Feito! Quando é que nós pensavamos falar de ordenados, dinheiro, bancos, contas e aplicações há um ano atrás?? Pois é... E pior do que isso! Quando é que nós estariamos sentados à mesa de um bar preocupados com as horas ou a pensar que ja não devemos beber mais porque no outro dia é dia de trabalho!! Enfim... Como diz, e muito bem, o meu avô conta tudo para a passagem da vida!
Bom trabalho para amanhã!
Zé
trabalho em agosto...o q é isso?!! =D hihihi
Olha eu não te conheço... mas acho que mudaste para melhor!
Plenamente de acordo com a Annete.
Também (já) não te conheço.
Será mesmo verdade?
És mesmo o Robene, ou és um extraterrestre que assumiu a sua forma, enquanto o estão a usar para fazer experiências acerca da resistência do corpo humano ao alcool e ao tabaco?
Acho que nem sei bem de quem gosto mais...
Mas se fores mesmo o Robene que eu conhecia, o próximo passo é vires comigo a uma missinha ao CUMN :-p
não conheço o ruben há mt tempo nem mt bem. mas, ó micose e mifrita, relativamente à missinha, deixo-te aqui uma dica..."dream on, boy"!!!
(adaptação de "dream on, girl" da rita red shoes, novos talentos fnac. todos os direitos adquiridos:))
e róbene, todos mudamos, ainda bem q tu estás a fazê-lo para claramente melhor. m continua a dizer mt asneiredo, pq há coisas q mudam, há outras q não. e ainda bem!!!
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