Desde que me mudei para a minha casa nova tenho feito esforços épicos para conhecer os vizinhos. Normalmente sento-me num banco à porta da entrada a olhar pelo monóculo ou como raio se chama aquilo, esperando que os vizinhos da frente saiam. A ideia é sair também nesse mesmo instante e dar de caras com eles. Já imagino esse momento histórico, eu com um grande sorriso, os meus vizinhos a chorarem de alegria por terem tão ilustre pessoa a morar a dois metros de distância.
A merda é que os vizinhos parece que não saem de casa. Eu ouço-os a rirem e a conversarem, mas vê-los nem por isso.
Pelo informação que já reuni, que inclui o facto de as nossas varandas serem pegadas e eu conseguir meter o olho para a casa deles, são um casal jovem e possivelmente ainda estudam. A varanda deles está uma desarrumação total, o que indica que devem ser boas pessoas.
Os vizinhos de baixo são também um jovem casal, e ela é brasileira porque no outro dia consegui ouvir uma conversa entre eles. Parece que se chama Neide, ou Nélia, naquele momento o vento mudou de direcção e eu não percebi claramente. Sim, estava na varanda e eles tinham a janela aberta.
Não gosto destes vizinhos de baixo. Têm um bébé que chora copiosamente todas as santas noites. No início comprei uns tampões para os ouvidos, mas a única coisa que aquilo faz é conseguir que eu ouça os meus próprios batimentos cardíacos e agora desenvolvi uma espécie de obsessão em que conto o meu ritmo cardíaco e estou à sempre à espera que o coração falhe.
Decidi então comprar uma Vuvuzela.
Cada vez que o miúdo desata aos berros, o que normalmente acontece às três da manhã, eu pego na vuvuzela que tenho ao lado da cama e sopro com força.
Parece que resulta: nas últimas três noites, não acordei uma única vez.
quarta-feira, junho 16, 2010
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3 comentários:
Melhor maneira de conhecer os vizinhos é bater-lhes à porta e pedir um bocadinho de sal que o nosso acabou. Se forem só mulher(es) pedir para verificar a comida, não temos muito jeito para cozinhar e tal e gostaríamos de uma opinião, se não se importava de lá dar um salto a casa. Remédio santo.
Haviam de servir para alguma coisa!
Ainda bem que descobriste para quê!
ESSA DOS TAMPOES PARA OS OUVIDOS "MATOU-ME", COMIGO PASSA-SE EXACTAMENTE O MESMO...
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